quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

O ano (ainda não) acabou

Entra o mês de dezembro e a gente fica com a impressão de que o ano já está acabando, começamos a fazer planos para o ano que vem e mentalmente listamos tudo o que deu certo e o que ficou inacabado... Quando li essa crônica que reproduzo abaixo, me dei conta de quanto tempo deixamos passar, de como nossos planos são quadrados: "começar a frequentar academia no próximo mês, iniciar a dieta na segunda, reformar aquele móvel no fim de semana, fazer tantas outras coisas no ano que vem..." 

As mudanças na nossa vida tem que acontecer hoje, não podem depender de outra pessoa e muito menos do calendário. E o mais importante: somente nós podemos realizar tais mudanças em nossa vida. Também não adianta cobrar mudanças em outras pessoas, elas só vão mudar quando realmente quiserem e se esforçarem para isso.

É fácil incorporar novos hábitos de vida? Mudar alguma coisa que não te satisfaz? Não! Mas tô na luta!  

O ano acabou

Tiraram a árvore da caixa hoje. Equilibraram-na logo ao lado da portaria, como nos anos anteriores. Tenho a impressão que nem a desmontam mais, só a guardam em alguma sala empoeirada onde sempre é Natal. Frutífera de luzezinhas o ano inteiro. Enquanto espero o elevador ouço o papo vindo das velhinhas – Já era, acabou o ano – olhando pros números em contagem regressiva acima da porta – Voou. Esse ano voou – completou a outra.
Eu fico aflito com esse tipo de conversa. Como assim “já era”? O que foi que acabou, gente? Em trinta dias dá pra viver mais do que você já viveu até hoje. Ainda dá tempo de mudar a cor sem graça da parede da sala, ainda dá tempo de doar as roupas que não vestem, ainda dá tempo de aprender a cozinhar, ainda dá tempo de tomar gosto pela corrida. Juro que dá.
Ainda é possível perdoar, ainda dá tempo de dar um presente de dia do amigo, ainda dá tempo de escrever um roteiro, ainda dá pra ler aquele livro que você sempre mentiu por aí ter lido. Ainda dá tempo de pegar a estrada, de mudar de rota, de pendurar os quadros, de se matricular na ioga, de não levar desaforo pra casa, ainda rola de descasar. Pelos deuses que ainda dá, pra aprender a pedir comida em francês, de vender a TV e correr pra Paris.
Ainda dá tempo de mudar de profissão, de aprender a usar o aplicativo esquisito que todo mundo tem. Ainda dá tempo de virar vegano, de se tornar um expert em pintura vitoriana, de ter um cachorro no pé da cama. Vai que dá! Dá pra descobrir como é que medita, como é que desculpa, como é que tem gente que se equilibra em cima de uma bicicleta e vai. Vai que dá, ainda dá tempo de descobrir seus desejos, atiçar seus sonhos, embromar seus medos, vai que ainda dá tempo de se apaixonar de novo.

2 comentários:

  1. Lindo Priscila!
    Cada dia é único e repleto de oportunidades...
    Bjs

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  2. Muito interessante esta cronica , Priscila. Confesso que não penso tanto que o ano acabou, ou que alguma coisa acabou, pois não sou pessoa de fazer "balanços". Assim como não sou de planear, também não penso muito no que passou. Mas é bem verdade que a maioria das pessoas começa sempre tudo amanhã. Ou seja, protela, perde tempo. Importante é viver o dia a dia com atitude e vontade de concretizar. Penso eu. Gostei de ler. Bj

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